sexta-feira, 10 de junho de 2011

Homem e morcego

Carnaval, final da década de 80, em algum lugar da Baixada Fluminense.

O pequeno Diogo vai participar de um concurso de fantasias. Não se sabe de onde veio a idéia, mas não pareceu má. O pequeno gosta do Batman e tem uma máscara comprada no camelô da Saens Peña. Vai isso mesmo. As crianças hoje em dia gostam de super-herói. Na minha época era aquela coisa clássica, dionísica. E a capa? Fala com sua tia Léa que ela arruma qualquer coisa, ela costumava costurar.

Aprumam-me. Mas vai cair, vó. Vai nada, vou amarrar bem amarrado. Que horas são? Quatro e quinze, tá quase na hora. Pega a tua máscara no quarto.

Mas vó, os moleques estão de bate-bola. E daí? Você é o Batman.

Podem entrar os concorrentes. Tem palco e tudo. Jurados estão sérios. Eu não consigo ver direito, os buracos da máscara são muito pequenos. O Batman tá meio cego, quase não consegue subir no palco. O Dioguinho está tão bonito, né, cunhada? Tá uma lindeza. E aquela coisa da aposentadoria, resolveu?

Candidatos enfileirados. Vão atirar? Candidato número 1 é o Renato Soares e vem com a fantasia de bate-bola. Candidato número 2 é o Gustavo Pereira e vem com a fantasia de bate-bola. Candidato número 3 é o pequeno Thiago Guimarães e vem com a fantasia de bate-bola... prateado. Candidato número 4 é o Caiuã Silva e também vem com a fantasia de bate-bola. Candidato número 5, finalmente, é o Diogo Cabral e vem com a fantasia de Batman.

Todos identificados. Vocês têm cinco minutos para realizar suas performances. Hã, performance? Podem começar. Tá todo mundo batendo sua bola no chão. Vovó acho que foi ao banheiro, não to vendo. Número 5, sua capa caiu no chão. Nem percebi. Pelo menos é algo para fazer. Pegar minha capa no chão. O menino de Batman, tadinho, não faz nada.

Terminado o batimento. Candidatos por favor retirem-se que o jure vai deliberar. Graças a Deus.